terça-feira, 25 de setembro de 2007

PROJECTO DE LEI N.º 384/X (REGIME DAS ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS PROFISSIONAIS)

«Exames de admissão às profissões podem retirar poder às Ordens

O projecto de lei permite ao Governo impugnar as normas e os regulamentos de funcionamento das Ordens profissionais.»

por Mário Baptista in Diário Económico, 2007/09/20.

«As ordens profissionais vão deixar de poder realizar exames de acesso à profissão, tendo de aceitar como inscritos todos os licenciados. A medida consta do projecto do PS que já foi aprovado no plenário da Assembleia da República, e que vai ser agora analisado em detalhe na comissão parlamentar do Trabalho.

O documento, assinado pelo líder parlamentar do PS, Alberto Martins, e em que participou o constitucionalista Vital Moreira, é muito claro: “Em caso algum haverá ‘numerus clausus’ no acesso à profissão, nem exame de entrada na profissão, nem acreditação, pelas associações profissionais, de cursos oficialmente reconhecidos”.

Acaba assim, a prática de algumas ordens, como a dos Advogados, de realizarem exames para o acesso à profissão. Qualquer estudante que acabe um curso cuja profissão seja regulada, passa a ter acesso directo à ordem e à profissão.

A discordância com esta medida é tão forte que, sabe o Diário Económico, o Conselho Nacional das Profissões – o organismo que reúne mais de uma dezena de ordens – vai hoje ter uma reunião, de onde sairá um documento que vai ser entregue aos deputados, exigindo várias alterações a esta lei aprovada por todas as bancadas.

A primeira questão que terá de ser resolvida pelos deputados tem que ver com o universo a que se aplicarão as novas regras: Só às futuras ordens, ou às actuais? O PSD é taxativo: “Não faz sentido haver ordens com regras diferentes, quando o objectivo da lei é uniformizar o funcionamento”, explica ao Diário Económico o deputado Hugo Velosa, que aproveita para garantir que esta será a primeira proposta de alteração que o PSD vai apresentar na comissão. O PS – que inscreveu na lei que a proposta não se aplica às actuais ordens – admite mudar de posição, mas aguarda pelo debate para definir as alterações que fará ao diploma. O constitucionalista Vital Moreira disse ao Diário Económico, de forma taxativa, que a nova lei deve ser aplicada a todas as profissões.

As próprias ordens têm a mesma opinião: “Nós queremos uma lei-quadro aplicável a todos, mas com alterações”, explicou ao Diário Económico o bastonário dos Engenheiros, que é também o presidente da Associação das Ordens Profissionais. Outro dos aspectos que preocupa muito as ordens é o artigo que diz que o Governo passará a ter uma “tutela” sobre as normas de funcionamento e os regulamentos de cada associação. “As ordens têm de defender a independência do poder político”, salienta o bastonário dos Engenheiros.


PS admite alterar lei no debate no Parlamento
“Há interesse em uniformizar, mas não é dramático haver regimes diferentes” para as várias ordens profissionais, considera o porta-voz do PS. Vitalino Canas, que é também o subscritor do projecto que foi aprovado no Parlamento, e que está agora para discussão na comissão parlamentar do Trabalho, admite alterar a lei, mas não se compromete com nada de específico: “O debate não chegou ainda a esse ponto”. De resto, Vitalino remete mais esclarecimentos para o trabalho que vai ser feito em comissão, explicando que já não é o deputado responsável pelo acompanhamento dos trabalhos nesta comissão. Mais assertivo, o deputado do PSD que tem este dossier não tem dúvidas de que “não faz sentido haver regimes diferentes para as Ordens profissionais. Ao Diário Económico, Hugo Velosa explica que a aplicação das regras a todas as ordens é uma das propostas de alteração que vai ser apresentada quando começar o debate. O diploma que está por agendar na comissão do Trabalho promete gerar polémica, não só pelas audições das várias ordens, mas também pelas próprias divisões dentro do PS. De acordo com as informações recolhidas pelo Diário Económico, há deputados do PS que consideram que o regime tem de ser aplicado a todas as ordens, e há ainda outros que defendem que qualquer alteração nos estatutos ou regras de funcionamento as ordens tem de “aproximar da nova lei”.


As opiniões das ordens sobre as alterações

1 - “Temos de salvaguardar o facilitismo dos Governos”
Um escândalo. É assim que o bastonário da Ordem dos Engenheiros olha para a nova lei-quadro. Para Fernando Santo, o principal problema tem que ver com o acesso: “Ao obrigarem-nos a acolher todos os licenciados em engenharia, obrigam-nos a fingir que todos os cursos são bons, quando sabemos que não são”. É preciso “salvaguardar a reserva de confiança pública para fazer face ao facilitismo que os políticos deixaram criar nas universidades”. (...)

2 - “Proibição de exames de acesso deve ser eliminada”
O bastonário da Ordem dos Economistas, Francisco Murteira Nabo, também critica a nova lei. Num documento que já foi enviado para o Parlamento, a Ordem dos Economistas sublinha que a proibição de realizar exames de acesso à ordem deve ser “eliminada”. Por outro lado, a ordem quer também ser incluída no âmbito desta nova lei, mas desde que algumas das alterações mais criticadas desapareçam durante o debate na especialidade, no Parlamento. (...)

3 - “Há dúvidas sobre alguns estabelecimentos de ensino”
“As ordens têm de regular o acesso à profissão, até porque há dúvidas sobre a qualidade de alguns estabelecimentos de ensino”, diz o bastonário dos Advogados, que considera que “a auto-regulação nasce do Estado, não das intenções de qualquer Governo. Rogério Alves é o bastonário da mais antiga ordem do país. (...)

4 - Arquitectura, a “Ordem dos tempos Modernos”
Manuel Vicente considera-se o presidente de uma ordem “dos tempos modernos”. Sucedendo a Helena Roseta, Vicente tem a tarefa de ombrear com a mediática deputada do PS que é agora vereadora da Câmara de Lisboa, liderada por António Costa. (...)

5 - “Tem que haver forma de controlar o acesso”
O problema do acesso “não é significativo para nós”, porque não há exames de acesso à ordem, lembra o bastonário dos Médicos. Pedro Nunes diz, no entanto, “compreender a necessidade de haver uma forma de controlar o acesso à profissão”. (...)

6 - “É perigosíssimo retirar o controlo do acesso”
Maria Augusta de Sousa não tem dúvidas: “Quando se fazem leis, é porque se quer mandar”. A bastonária dos Enfermeiros salienta que “alguns aspectos da lei até vão contra a Constituição”, mas o maior problema é mesmo o facto de a lei “retirar da auto-regulação a capacidade de controlar o acesso”. É, sublinha a bastonária, “perigosíssimo” porque, já assim, “os mecanismos de controlo no acesso à profissão já são muito poucos”. (...)»

18 comentários:

Anónimo disse...

«As ordens tem medo de quê? os próprios clientes vão acaber por selecionar os melhores. Ainda a pouco mais tive que pagar 400€ a CTOC para fazer um estágio e um exame que só acontecerá em Abril e não teêm a certeza que será em abril, força PS.»

Comentário colocado em Diarioeconomico.com por: "Gil Valadares (gilvaladares@gmail.com)"

Anónimo disse...

«No caso da CTOC os estabelecimentos de ensino que são reconhecidos, são por ela mesma (CTOC)indicados. É porque consideram esses estabelecimentos fiáveis.O problema estará naquilo que o Senhor Gil Valadares focou. É uma excelente fonte de receita para a CTOC. Então vejam lá se um motorista de pesados, por exemplo, após ter tirado a carta, tem de ir ao Sindicato prestar provas.»

Comentário colocado em Diarioeconomico.com por: "JMN"

Anónimo disse...

«Neste caso tenho que afirmar estar de acordo com o governo. Não se admite que jovens recem licenciados na area de contabilidade, tendo um estagio de 4 meses (arrumar papeis e poucos mais...) e 4 anos de teoria tenham que efectuar um exame de um grau exurbitante, vendo uma barreira de entrada muito dificil de ultrapassar. Agora eu questiono, será que o problema não está no ensino? Achando eu que sim, admitam-me dizer que algo está mal. Enquanto os alunos estão em formação é que deveriam ser devidamente ensinados para a profissão e não sem qualquer preparação pela CTOC efectuar um exame de admissão com um grau de exigibilidade muito elevado.»

Comentário colocado em Diarioeconomico.com por: "Dora - CTOC"

Anónimo disse...

Vamos esperar que o Governo tome esta decisão. Pois pensemos no seguinte, à 4 anos não havia exames da CTOC, e esses Toc's que não fizeram exame não são bons profissionais?

Do que eles tem medo? Ou é simplesmente uam receita extra para a CTOC?

Pois se estes aprovam os cursos, deveriam ser credivéis e não "obrigarem" os recém licenciados a fazerem o dito exame.

Publiquem a Lei....

Maria

Sofia Ribeiro disse...

Os nossos potenciais clientes é que saberão avaliar-nos devidamente e não um exame de 3h horas a custar tanto dinheiro. Não são 3h que decidem se seremos ou não bons contabilistas. Eles querem é o que todos queremos: dinheiro. Só que nós suamos para obter resultados monetários, eles não, eles põem-nos à prova durante 3h e pronto. Nem lá estão. Estão em festas da CTOC enquanto que nós estamos trancados durante as 3h às tantas sem nada no estomago devido aos nervos e eles a encherem a barriga.

Anónimo disse...

ó Maria, não leste o projecto de lei, pois não? Só se aplica às associações públicas profissionais que venham a ser criadas no futuro! As que já estão... ficam! Bem pode o representante do PS dizer que está disposto a mexer na lei quando for à especialidade, mas isso é só discurso politicamente correcto. Esquece-se que o presidente da ctoc é um influente militante do PS... ia lá o partido fazer essa traição?!!

Anónimo disse...

Sophyaribeirus, ainda por aqui a fazer queixas do exame da CTOC? Ainda não foi desta que recebeste o certificado de novo membro da Câmara? Aquela cerimónia de entrega de certificados... Se ainda não passaste, depois da tentativas com que já contas, será que o problema é mesmo da CTOC ou será que a sofia não é lá muita?

Anónimo disse...

a abolição do exame na ordem dos advogados para licenciados ou mestres em direito parece-me lógica, pq n existe outro curso que permita ser advogado. o mm se passa com o licenciado/mestre em engenharia civil, alimentar ou nuclear no acesso ao respectivo colégio da ordem dos engenheiros... agora abolir o exame de acesso à ctoc ou oroc quando não existem cursos de licenciatura/mestrado em TOC ou em ROC, não faz sentido!

Anónimo disse...

Não sei o porque dos anónimos que andam para aqui a mandar bocas, um que não li o projecto lei, o outro que deve ser o mesmo, a insultar a colega Sophyaribeirus.

O que acho é que à qualquer coisa que te deixa ressabiado. Mas que por acaso achas que os TOC's que não fizeram exame são melhores que nós?

Aquilo que acho era que a CTOC deveria fiscalizar os TOC's que estão a exercer em empresas, esses sim com mais experiência,

pois digo-te, com experiência de causa, não é num exame que se vai avaliar os bons ou os maus profissionais. Mas sim, a exepriência que se vai adquirindo ao longo do tempo de serviço.

Acho que já andamos a estudar as cadeiras ditas essenciais para ser TOC e ainda fazer um exame parece ridiculo.

Maria

Anónimo disse...

Estou completamente de acordo com a Maria. Eu já sou TOC, e fiz o maldito exame, mas garanto-vos, exigem aos novos, mas nada exigem aos mais velhos na profissão, alguns sim com bastante experiência, mas a maior parte uns autênticos ignorantes que deveriam ser submetidos aos mesmos exames para correr com metade de lá para fora. Mas não porque os euritos fazem falta.

Sofia Ribeiro disse...

Respondendo ao anónimo que me tentou insultar: Até fico admirada por teres "sofia" suficiente para saberes o siginifcado do meu nome. Só não tens "sofia" necessária para te identificares... não vejo quel o problema. Meu amigo, q não deves ser cá dos "TOCS" deste fórum (lugar que certamente não te pertence), vou pela primeira vez fazer o exame da CTOC e espero passar à 1ª, e por isso não admitido insinuações vindo de alguém que não teve "sofia" para 1º saber do que fala... e obrigada aos "TOCS" deste fórum po me terem defendido...

Anónimo disse...

Caros colegas já pensaram se as outras ordens pedem 300€ pelos exames? Será que os tal 80.000 TOC todos exercem a profissão? Dos que exercem não é com créditos que controlam a qualidade!!! Bem o que me parece é que ando-se durante uns largos anos a encher a CTOC com profissionais sem qualificação(maior percentagem) e agora que paga somos nos...
Os velhos toc’s que já lá estão há décadas e que tem o seu escritório particular, tem os bolsos cheios de dinheiro, e nem se tão para preocupar com o maldito exame, sempre tiveram a vida facilitada!!! Nos agora tiramos um curso de 4 anos, e sem a maldita inscrição da CTOC não somos nada, é quase o mesmo que tenhamos o 12º ano pois nunca se esqueçam as empresas preferem paga a uma pessoa que tenha o 12º ano e que saiba fazer lançamentos do que a um licenciado.
Pois acho muito bem que o exame seja revogado, pelo menos para os do curso de contabilidade, pois são esses que estudaram para isso, e andaram 4 anos a “marrar”, e vamos a ser sinceros, se um gestor quiser ser TOC, não tirava um curso de gestão mas sim um de contabilidade. Ou não???

Anónimo disse...

Caros colegas inscrevi-me para fazer exame mas ainda não recebi a notificação. Alguém que lê e escreve no blog se vai fazer exame no dia 17 de Novembro, diga se já recebeu alguma carta!
Pois agora deve de ser a ultima oportunidade para ser TOC, com a entrada do SNC para o ano de 2008, os próximos exames devem de ser bem mais difíceis, para quem não sabe o SNC(acho que é assim que se escreve) vai revogar o POC, melhor dizendo, o POC vai ser extinto, andamos 4 anos a trabalhar para ele, nem sequer pomos os nossos conhecimentos em pratica.
Isto vai é ser bom para os velhos TOC, pois se a câmara acha que eles tem mais qualidade que nós, hora tou para ver como isto tudo vai acabar....

Anónimo disse...

PROPOSTA DE LEI N.º 162/X
Artigo 89.º
(Aprovação do Orçamento de Estado para 2008)


Autorização legislativa para alterar o Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas


É concedida autorização ao Governo para rever o Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas aprovado pelo Decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de Novembro, mantendo as suas principais linhas caracterizadoras, e introduzindo alterações ao regime vigente, com o sentido e alcance seguinte:

a) Alterar a designação de Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas para Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas;

b) Estabelecer as condições de constituição, inscrição na Ordem e funcionamento das sociedades de profissionais de Técnicos Oficiais de Contas;

c) Estabelecer as condições de constituição, inscrição na Ordem e funcionamento das sociedades de Contabilidade e Administração;



d) Estabelecer o regime aplicável aos técnicos oficiais de contas que exerçam a profissão em regime de contrato individual de trabalho quando a entidade patronal seja outro técnico oficial de contas, sociedade de profissionais Técnicos Oficiais de Contas e sociedades de Contabilidade e Administração, no sentido de determinar a acumulação de pontuações por parte de profissionais ou entidades empregadoras;

e) Redefinir a estrutura orgânica da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas;

f) Estabelecer que a capacidade eleitoral passiva, após a aplicação de sanção superior à advertência, se adquire passados cinco anos da sua aplicação;

g) Tipificar como infracção passível de pena de suspensão a retenção, sem motivo justificado, para além do prazo estabelecido no Código Deontológico, da documentação contabilística ou livros da sua escrituração, da retenção ou utilização para fins diferentes dos legais e regulamentares das importâncias que lhes sejam entregues pelos seus clientes ou entidades patronais e o não cumprimento das suas funções profissionais ou das regras técnicas aplicáveis à execução das contabilidades;

h) Tipificar como infracção passível de pena de expulsão o fornecimento de documentos ou informações falsas, inexactas ou incorrectas, que tenham induzido em erro a deliberação que teve por base a sua inscrição na Ordem e a condenação judicial em pena de prisão efectiva superior a cinco anos;

i) Implementar, no âmbito do funcionamento da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, sistemas de verificação de qualidade dos serviços prestados pelos técnicos oficiais de contas;

j) Incluir no Estatuto o Código Deontológico dos Técnicos Oficiais de Contas e a regulamentação das sociedades profissionais e de contabilidade e administração.

Sofia Ribeiro disse...

Eu já recebi a carta na semana passada (24/10/2007). é engraçado porque só me inscrevi ao exame de avaliação profissional, porque tenho cadeira de seminarios feita que me isenta de fazer o outro exame, mas a carta diz que sim que vou fazer as duas provas e até me mandam o conteudo programático desse exame tambem.

Anónimo disse...

Alguém conhece uma possivel data para que este projecto lei seja aprovado e impresso em Diário da Républica??

Anónimo disse...

«Na minha opinião, penso que os exames de admissão às ordens nunca irão acabar, porque serão sempre uma fonte de receita para todas elas. E uma vez mais se comprova, com a aprovação do Oçamento 2008, o estatuto irá mudar, mas as regras para inscrição irão com certeza se manter. (INFELIZMENTE).

António Silva disse...

Para obtermos uma licenciatura,é obrigatório termos aprovação em cerca de 200 provas, despendendo cerca de 350 horas.Como é possível depois pôr em causa o acesso de um jovem à Sua Profissão através de 1prova de 2 horas.
Vamos pôr os interesses pessoais de parte e Respeitar os Jovens.

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