«Rever e reduzir o número de profissões reguladas», «liberalizar o
acesso e o exercício» a estas actividades e eliminar as restrições à sua
publicitação são recomendações do documento produzido pela troika do
BCE/UE/FMI e que estão a preocupar as ordens profissionais.
«Gostava
que Portugal não fosse cobaia», ataca o presidente da distrital de
Lisboa da Ordem dos Advogados (OA), Vasco Marques Correia, lembrando que
as regras que regulam a advocacia em Portugal «são semelhantes às do
resto da Europa».
Marques Correia recorda as «especificidades» da
profissão para justificar a necessidade dos exames de acesso à
profissão e a proibição de publicidade. De resto, o dirigente da OA não
percebe «porque é que a Ordem dos Advogados não foi tida nem achada»
nesta matéria.
A Ordem dos Médicos também não foi ouvida, mas o
bastonário acredita que será impossível desregular o acesso à actividade
clínica. «Essa é uma norma genérica do memorando que não pode ser
aplicada aos médicos, pois punha em causa os serviços prestados aos
doentes», avisa José Manuel Silva, lembrando que o documento da troika
até propõe um «inventário nacional» de todos os médicos e locais de
trabalho. O bastonário considera também que «não faz sentido passarem a
existir mensagens de marketing que levem a um aumento do consumo de
cuidados de saúde».
Telmo Baptista, bastonário da Ordem dos
Psicólogos também não vê sentido em desregular uma profissão «que foi
regulada há dois anos, por unanimidade no Parlamento, depois de sete
anos de discussão». E recorda que a Ordem é, neste momento, «a entidade à
qual se podem dirigir os pacientes com queixas dos psicólogos».
‘Perplexidade’
«Se
um erro médico pode causar danos a um paciente, um erro de engenheiro
pode causar danos a centenas de pessoas de uma só vez», sublinha o
bastonário Carlos Matias Ramos, que defende ser impensável desregular a
Engenharia. Apesar de Matias Ramos acreditar que «o núcleo central das
profissões regulamentadas se irá manter», a Ordem dos Engenheiros vai
«pedir audiências aos partidos, para conhecer melhor as suas propostas
sobre a desregulamentação».
Iniciativa idêntica vai ter a Ordem
dos Arquitectos, que no início da próxima semana, entregará o seu
«Manifesto para as Eleições Legislativas 2011» a todos os partidos. O
bastonário, João Belo Rodeia, admite «perplexidade» perante as propostas
dos técnicos da troika, até por não haver na UE qualquer Estado onde a
profissão de arquitecto não esteja regulada, devido ao seu «interesse
público» e impacto «no bem-estar dos cidadãos».
Já o bastonário
dos Economistas, Rui Martinho, vai esperar pela «regulamentação daquilo
que neste momento não passam de recomendações genéricas».
O
bastonário dos notários, Alex Himmel, também quer esperar por medidas
concretas, mas adianta que «os estatutos aprovados em Janeiro já prevêem
o acesso de estrangeiros à profissão e o fim da proibição de
publicidade». Himmel acredita mesmo que «o objectivo de eliminar os dois
milhões de processos pendentes na Justiça» pode ser uma boa
oportunidade para os notários. «Por sermos a única profissão jurídica
com total exclusividade, imparcialidade e independência podemos
participar na arbitragem e ajudar à reorganização da Justiça».
1 comentário:
As ordens vão ser postas na ordem!
Isto foi publicado no diário da assembleia da republica:
http://www.parlamento.pt/DAR/Paginas/DAR2Serie.aspx
Vejam o diário n.º 223, paginas 9 a 30.
Grande pancada que os TOC vão levar!...
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